domingo, abril 03, 2005

trinta e um de março de dois mil e cinco, casa alta, vitória (gauche)

Talvez a estrada me engula como não quiseram os amores. Com seus bares de beira de rua cheirando a vitrines sujas de óleo e marcas de mão. E quando tragado, o conhaque me ferva mais que os beijos idos. Servido por uma garota que eu nunca amaria, mas que nesta hora seria a mulher que sempre tive. A mulher minuto. Tida por muito pouco e indo como todas. A estrada, talvez, não passe por mim sem eternidades. Sem infinitos traçados pelos faróis e cercas e pastos longos colados nos arrebóis. Ou pior, talvez passe. E o desespero me surpreenderá outra vez, como nos amores. E no desconsolo do demorar das horas; no mormaço da espera fútil, eu volte a tremer de dúvida. E voltem também os medos fartos, os tristes gestos, as mágoas tolas. E eu, talvez, simplesmente feche os olhos e solte as mãos do volante, como nos amores.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Très belle!!!!
As mulheres estâo sempre indo,mesmo qnd permanecem ao lado ....
bjs

7:59 PM  

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