terça-feira, julho 26, 2011

It's Driving Me Mad

terça-feira, outubro 12, 2010

Conto inacabado

O puto mal tocou no prato de feijão e foi saindo. Olhou para os lados e certificou-se com astúcia de padre que atravessa a rua. Cinco passos depois estava lá ensanguentado e rolando feito um verme no sol e na poeira seca. Cão safado, isso não se faz, foram cinco tiros na barriga; o corno que o deixou com as tripas no tempo fugiu; mas mereceu, foi feito pra isso. E morrer quando se assume o risco é até bonito. E um punhado de borboletas amarelas dessas de cemitério vieram lhe buscar, vixe, parece até coisa de escritor latino-americano; mas é a mais pura verdade, juro, eu vi. Ainda não se sabe quem despachou o rapaz, sabe-se dos tiros e dos desafetos. Aparentemente ninguém chorou e família não se sabe. Uma ou duas moças olharam de longe. Ainda deu tempo de ver. Agora o sangue já seco formando o mapa do inferno em torno do corpo. Não é santo e nem vilão, mas quem é?
Caiu uma chuva de arrancar o chão, durou uns trinta minutos. Ouviu-se um canário ao longe. O rabecão chegou e soldado tomou nota.
Levaram o rapaz embora.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Poesia ao Vivo


POESIA AO VIVO

APRESENTAÇÃO

O projeto POESIA AO VIVO será realizado nos dias 24 e 25 de outubro de 2008, e consistirá em debates e apresentações intercaladas de poesia, música e teatro (dia 24) e um encontro entre os poetas e editores convidados de São Paulo e os participantes das oficinas Poiesis (poetas iniciados e iniciantes) e Poesia e Teatro (atores e atrizes), ambas ministradas por Waldo Motta (dia 25).

OBJETIVOS

Reunir num mesmo evento artistas da poesia, do teatro e da música;

Promover a amizade, o intercâmbio e parcerias entre poetas e artistas capixabas e de outros estados brasileiros;

Apresentar poetas capixabas a poetas e editores de São Paulo, visando a criar possibilidades de divulgação e publicação;

Criar meios de difusão e popularização da poesia.

PROGRAMAÇÃO

Local: Centro Cultural Majestic

Endereço: Rua Dionísio Rosendo, 99 – Centro – Vitória – ES

Tel.: (27) 3222.5984

Informações: astrid@majestic.org.br / waldomotta@bol.com.br

Sexta-feira, dia 24 de outubro

16:00 hs - Momento informal: apresentações recíprocas dos participantes do evento POESIA AO VIVO: poetas, editores, organizadores, apoiadores, artistas em geral
16:30 hs – Palestra e debate sobre a poesia na atualidade: com Massao Ohno (SP), Ronald Polito (SP), Waldo Motta (ES), Celso de Alencar (SP) e Paulo Sodré (ES)
18:30 hs - Coffee break, no Centro Cultural Majestic
19:30 hs - Início das apresentações artísticas: poesia, música e teatro
21:30 hs - final do evento

Sábado, dia 25 de outubro

10:00 às 12:00 hs – Massao Ohno, Celso de Alencar e Ronald Polito conversarão com os participantes das oficinas Poiesis (poetas iniciados e iniciantes) e Poesia e Teatro (atores e atrizes)

POESIA AO VIVO

Autor e organizador do projeto Poesia ao Vivo:

Waldo Motta

E-mail: waldomotta@bol.com.br

Site: www.waldomotta.cjb.net

Tel.: (27) 8841.7348

Waldo Motta, poeta, autor de, entre outros, Bundo e outros poemas (Unicamp, 1996) e Transpaixão (Kabungo, 1999), livro este indicado para o Vestibular da UFES 2010/2011, é o organizador do evento, e atualmente desenvolve as oficinas Poiesis (para poetas), Poesia e Teatro (para atores), ambas com apoio da Secretaria de Cultura de Vitória.

Realização: Secretaria de Cultura da Prefeitura de Vitória / Circuito Cultural de Vitória / GR arte&educação - Apoio: Secretaria de Produção e Difusão Cultural e Programa de Pós-Graduação em Letras-UFES

Entre os convidados de São Paulo: o editor Massao Ohno, que publica poesia há meio século, o poeta e editor Ronald Polito e o poeta e assessor da Secretaria de Cultura de SP, Celso de Alencar.

Entre os poetas daqui estão Waldo Motta (que ministra as oficinas Poiesis e Poesia e Teatro e organizou o evento Poesia ao Vivo), Marcos Tavares, e uma penca de gente talentosa que está se revelando como George Saraiva, Roberto Soares, Tatiana Brioschi, Franklin Netto, Fábio Freire, Fabrício Noronha e Piatã Lube.

Os atores e atrizes Danielli Zetum, William Berger, Cristina Garcia e Allan Moscon, da Oficina Poesia e Teatro, lerão poemas dos participantes da Oficina Poiesis, e os três últimos apresentarão cenas da peça Terra sem mal, versão teatral do livro homônimo e inédito de Waldo Motta. Na verdade, William, Cristina e Allan fazem nesta apresentação a estréia da peça, que resulta da oficina Poesia e Teatro, desenvolvida em três módulos de quatro meses de aulas teóricas e práticas, pesquisas, reflexões e métodos próprios sobre o que Waldo chama de teatro alegórico e que tem algumas afinidades com as idéias e obras de Calderón de La Barca, Gil Vivente, Anchieta, Brecht e Artaud, entre outros.

TERRA SEM MAL - A peça satiriza a busca real e o achamento imaginário da Terra sem mal, isto é, o paraíso terrestre (ywy marã ey, na concepção indígena) e as cenas que serão apresentadas são:

1) A marcha ou peregrinação indígena em busca do suspirado paraíso; 2) um diálogo burlesco entre Tupã e o pajé buscador; e 3) outro, travado entre um tipo diferente de buscador, o cara branca, quer dizer, o Sinhozinho, e Jaguarete, a monstra terrível, a bicha papona, que guarda o lugar sagrado, e a coisa buscada.

O poeta Waldo Motta lerá, entre outros, o poema Jurupari, que fala do retorno do Messias e sua fala apocalíptica.

O poeta Fabrício Noronha e os participantes de seu grupo Sol na Garganta do Futuro, que mescla poesia e música, farão a abertura, as vinhetas entre as apresentações e o encerramento do Poesia ao Vivo, na sexta-feira.

terça-feira, setembro 30, 2008

Dúvida

Partir sem despedida.
Chegar sem reencontro.
É dessa matéria que se fazem os fantasmas?

A duvida ressurge, no silêncio entre a minha casa e a sua.
São zonas insuspeitas que desde sempre eu quis negar,
Que ao meu amor sincero não perturbavam
Até agora.

Um acidente no percurso
Ou novo curso da história?

segunda-feira, maio 05, 2008

No amanhecer de Peter Pan – 2ª parte













Homenagem aos mentores












“Busquei minha discordação, discórdia disseminando recordação!?”
Um último haicai.





É um trêmulo desejo, e o Havaí, por onde anda? Fizeram-me mero coadjuvante; ah! Esta alegria que tão pouco dura tão somente dura. É preciso que haja um pouco mais de feminilidade neste mundo; um pouco mais de amor; e o crescendo de um trompete afinado em si bemol molhando os olhos, (queime aqueles lábios molhados) um resto de solidão...
Poemas para a redundância, prolixos, exóticos e apropriadamente beat-beatitude, diria Kerouac: medo de se assumir hedonista à fim de persuadir o próximo: e, Eh! Seqüela Kafkaniana de prender-se ao presente representando ódio puro e repressão bossa-boca nova, onda-boçal. E que seja um calendário, que antítese! Imperador e César cainita devorando a si próprio recíproco à dor alheia, aleatório.








És esquerda e brilha pequeno é compositor ambíguo de operas celestialmente infernais, reticente: amargo do alto dos seus trinta. Gigantescamente adjetivável e de pormenores repletos de idéias tortas aprendiz de minha evolução, mas baluarte com bandeiras consumidas pela dor da repetição: trabalhando cada metáfora mar afora com olhos tristes. Assassino entre dentes num brado estridente dos ouvidos afoitos, mergulha-te num balde de cola – repõe teus cacos – e a herança do ensimesmado ensinamento e os arroubos de paixão que se dissolveram entre suor e lágrimas numa sacada do amigo perdido: popularmente reconhecido na afabilidade de mais um copo e o mesmo ombro.

***

Garotas amenas esperam sem a docilidade e minha alma espera não ser somente traição em troca de trocados, aspirando pelas frestas de um milagre. Encontro com a morte com hora marcada e tudo, o tal dialogo filosófico; assuar o nariz assoberbado. Ouvindo Caetano e Jorge em comunhão e benção num banheiro sujo em minha própria imundície e alcançando, quase, a possibilidade de chafurdar. Se posso ser um deus desses pequenos, que a mitologia até se esquece. É sangue que se mistura; são dois perdidos numa noite parca, um pai pouco à vontade – um filho desvirtuado, um maltrapilho consumindo-se em anéis de vergonha. Correndo em círculos para não ter que enfrentar a voz que clama durante os séculos predestinados.



quinta-feira, março 06, 2008

Vadiagens


Aqui a percepção anda emparedada, a concepção boquiaberta abocanhando feixes de lágrimas. As amarras da confusão afrouxando a historia e o mito das palavras se soltando do tempo. As pontas dos dedos amargam vestindo as linhas.
Temos guias para as rotinas, ninguém se cansa de saber-se vivo. Há um prazer em pegar em cosias. Portanto, neste dia, espreguicei-me, por um segundo senti os ossos furarem as vestes; a pele definhando não é das mais confortáveis, subestimei minhas chagas, o corpo todo; estou em todo lugar aguardando festas que nunca acontecerão!
Espero poder praticar minhas idas e vindas sem ser açoitado pelo remorso, pois que, pátria já não tenho, nem me interessa os túmulos frios. Só há uma coisa sensata a fazer: banhar-me calmamente numa cachoeira caudalosa.

Pensava, horas antes, antes de tudo, antes mesmo de me estirar aqui, que poderia, facilmente, reconhecer a beleza, porém assustei-me tanto com minhas verdades que revirei os olhos e prostei-me ajoelhado rogando à terra. Estimular a alma não é fazer preces às escuras e sim comungar com seus próprios pés e comer o chão, emaranhando em raízes, fazendo-se rocha. A um só tempo fiz-me abrigo das correspondências sinuosas do tempo. Voltava à carne.

Empoado, empoeirado, e que as cinzas sejam o seu antro sagrado e que meu choro seja um balbuciar de criança cheia de abraços fraternos e se houve a sombra (raquítica) compensando um monstro, eu anuncio: que seja poesia tudo quanto meu arredio verbo se der, e sorte para o azar.

sábado, dezembro 22, 2007

Let it be

Deixe música, alguns maços de cigarro e talvez eu resita.
Deixe também umas cervejas - queria maconha e as janelas abertas!
Eu cuido das samambaias.
Mas antes de partir deixe um beijo.
E alguma comida na geladeira.
Pode esconder o controle da televisão.
Pensando bem, onde está o controle do dvd?
Deixe alguns recados escondidos pela casa.
O projeto de sua obra de arte à minha vista.
A decoração dos cômodos e um relógio para eu contar as horas.
Uma cueca limpa, escova de dente, pasta e listerine azul.
Deixe a sua calcinha no banheiro. O diário aberto.
Sua caixa com bonecas.
Teu cheiro nas calcinhas que eu encontrar no banheiro.
Deixe uma mensagem dizendo que já está chegando.
Eu faço a mesa.

Meditações para um quadro.



Controle.
Auto controle.
Quem controla?

Quem é o autor por trás da roupa?
Onde se escolhe o movimento?
Existe um guia?

Quanto a mim estou fragmentado. Ou estamos?
O mesmo eu que recompoem, em frangalhos.

A tentativa de encontrar o escuro
o caos
ensina o princípio das armadilhas
e fugir das armadilhas é a própria cela.

Sapiens.

Sujestão racional que pouco modifica o comportamento do cérebro
animal.
Quanto se pode promover de auto-manipulações e sabotagens?

"Descobre"

O pensamento visto de bem longe
é uma polifonia dissonante com momentos de encontros.
O reconhecimento prova. Não é crença, é estado. Epifania.

"Eu" é mata-burro
e "eu" também é fruição com delícia.

Então deixemos o controle para o acaso.
A perfeição é a maior proximidade com o escuro absoluto.
As linhas diretrizes, para começar, não existem.

Para além do indivíduo,
quem aprende ensina com base no próprio aprendizado,
e assim se tece uma trama imensa.
Não percamos de vista a semelhança com os mitos.
Subprodutos dos subprodutos.

Mas quem controla?
E o auto-controle?
Onde resíde o auto além do acaso?

No umbigo?
Cordão umbilical, a ligação com a natureza...
Eu, é depois que se aparta. Pensamento mesquinho.

Ou vasto...

Quem escolhe entre o mesquinho e o vasto sou eu.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Literatura de Bordel

Alguma vez tentou-se afugentar os monstros que se abrigam no abismo do vazio: então escolhemos as armas e distorcemos por menores que sejam nossas pequenas falhas. O intento precede a vontade, mas eu que conduzo as massas desvirtuadas, sou realmente conspurcado, e me sinto assim porque posso, porque cheiro à ralo porque rolo com vermes ao amanhecer, em resposta ficaria nu, e se os tivesse, faria os cabelos frondosos. E vivo enquanto morro, meu futuro é pestanejar o mastigar do agora em diante e só assim passado.

domingo, dezembro 09, 2007

arte plástica


que tristeza é essa que você atravessa como uma aventura?
a tristeza precisa de motivos.
a felicidade não.
não é preciso investigar nos reconditos aquilo que acontece na pele.