A Genealogia do Abraço
A genealogia do Abraço
Sentimos invariavelmente a necessidade de um abraço. A ruptura com a consciência da dor. Praticamos incongruências, somos insurrectos diante da virilidade. E se eu me desandar, e se eu procurar formidáveis formas de amar, louvar o disparate e elevar aos sagrados céus cristãos o gosto pela beleza, usurpar o trono do deus menino para, somente, dar “consistência à carne”. Flutuar eternamente por meus próprios caminhos; Jesus disse: “eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Meu porto não é a compaixão... Mas meu martírio não termina em uma cruz. Prefiro anjos velados sob o véu do pecado. Ah, as mulheres! Tornei-me um fiel seguidor da carne. Não tenho inclinações judias para o casamento, leio em meu desjejum as Memórias de Casanova. E num belo dia de sol, ao som de um bom samba – Cartola que me perdoe, mas prefiro Ismael – ficarei nu, sentindo o rebuliço do vento em minhas partes, gritarei pedindo concórdia: cinco vivas à libertinagem! Então, nesse Dia, não haverá guerras, os vizinhos se beijarão na face, os semitas lavar-se-ão na chuva, juntos.
Poucas foram as vezes em que se alegou historicamente a Grande Ruína, e o primitivismo das alegorias usadas se tornaram a chave para a incompreensão. E o dia não termina, sem que nos dêem a chance de agasalhar-nos. A fraqueza retoma seu Cetro, franze o cenho e faz caretas horríveis. Os cães assaltam os corações mais depravados. Ditadores corruptos abanam as orelhas e assumem o domínio. O fracasso será proeminente. A invasão será o início da bajulação. E o Abraço? Chamaram-no de profano, deram-te o primeiro tapa, e a coluna se partiu, expondo a feiúra dos corpos doentes. Adolescentes cansadas da primazia do tédio vestirão túnicas vermelhas, azuis e verdes. E o sexo será artifício supremo no ritual dos novos tempos. Os pais assistirão deliciados, assumindo incestuosas paixões. A suposição há de brilhar nos olhos mais ávidos e afoitos. E o abraço, tendencioso, cederá lugar às caricias mais heréticas, eriçando os pêlos.
Quem quer se aninhar, perguntou-me certa vez uma tal de Eva, eu atordoado abocanhei-lhe os peitos, ouviam-se gritos e gargalhadas como se fossem chagas na noite quente, padres vomitavam de horror, juizes amalucaram, e policiais desfaleceram ao pressentir meu nome. Dêem-me uma chance e tudo estará perdido, é somente o que cobiçamos, todos sabem. Olhos marejados diante da doutrina, nunca mais. Pulsos lacerados sob a disciplina do medo. Nunca vire as costas a uma autoridade, ou, logo farão com que Hitler seja canonizado ou coisa parecida, quem acredita nestas sandices de perdão ou remissão de culpas vis?
Liguem o “Foda-se” e abracem-se com perversidade sexual, que mal há em ser promiscuo? Este é o meu Evangelho. E que Maria Madalena me proteja.
George Saraiva
21 de abril de 2005, minutos antes da ultima masturbação.
Sentimos invariavelmente a necessidade de um abraço. A ruptura com a consciência da dor. Praticamos incongruências, somos insurrectos diante da virilidade. E se eu me desandar, e se eu procurar formidáveis formas de amar, louvar o disparate e elevar aos sagrados céus cristãos o gosto pela beleza, usurpar o trono do deus menino para, somente, dar “consistência à carne”. Flutuar eternamente por meus próprios caminhos; Jesus disse: “eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Meu porto não é a compaixão... Mas meu martírio não termina em uma cruz. Prefiro anjos velados sob o véu do pecado. Ah, as mulheres! Tornei-me um fiel seguidor da carne. Não tenho inclinações judias para o casamento, leio em meu desjejum as Memórias de Casanova. E num belo dia de sol, ao som de um bom samba – Cartola que me perdoe, mas prefiro Ismael – ficarei nu, sentindo o rebuliço do vento em minhas partes, gritarei pedindo concórdia: cinco vivas à libertinagem! Então, nesse Dia, não haverá guerras, os vizinhos se beijarão na face, os semitas lavar-se-ão na chuva, juntos.
Poucas foram as vezes em que se alegou historicamente a Grande Ruína, e o primitivismo das alegorias usadas se tornaram a chave para a incompreensão. E o dia não termina, sem que nos dêem a chance de agasalhar-nos. A fraqueza retoma seu Cetro, franze o cenho e faz caretas horríveis. Os cães assaltam os corações mais depravados. Ditadores corruptos abanam as orelhas e assumem o domínio. O fracasso será proeminente. A invasão será o início da bajulação. E o Abraço? Chamaram-no de profano, deram-te o primeiro tapa, e a coluna se partiu, expondo a feiúra dos corpos doentes. Adolescentes cansadas da primazia do tédio vestirão túnicas vermelhas, azuis e verdes. E o sexo será artifício supremo no ritual dos novos tempos. Os pais assistirão deliciados, assumindo incestuosas paixões. A suposição há de brilhar nos olhos mais ávidos e afoitos. E o abraço, tendencioso, cederá lugar às caricias mais heréticas, eriçando os pêlos.
Quem quer se aninhar, perguntou-me certa vez uma tal de Eva, eu atordoado abocanhei-lhe os peitos, ouviam-se gritos e gargalhadas como se fossem chagas na noite quente, padres vomitavam de horror, juizes amalucaram, e policiais desfaleceram ao pressentir meu nome. Dêem-me uma chance e tudo estará perdido, é somente o que cobiçamos, todos sabem. Olhos marejados diante da doutrina, nunca mais. Pulsos lacerados sob a disciplina do medo. Nunca vire as costas a uma autoridade, ou, logo farão com que Hitler seja canonizado ou coisa parecida, quem acredita nestas sandices de perdão ou remissão de culpas vis?
Liguem o “Foda-se” e abracem-se com perversidade sexual, que mal há em ser promiscuo? Este é o meu Evangelho. E que Maria Madalena me proteja.
George Saraiva
21 de abril de 2005, minutos antes da ultima masturbação.