pequena biografia.
alguém que gosta de ficar observando o casal de mendigos que trepa embaixo da escada, enquanto ninguém mais nota. As pessoas sobem e descem a escada, passam pela rua em frente e os mendigos se amassam em cima de um fino cobertor, protegidos por um pequeno muro que a vista ultrapassaria se quizesse, mas ninguém nota a não ser o Ariel, que começa a roçar a mão no pinto sem se dar conta.
Alguém que gosta de ir até a sacada para fumar um cigarro e se deparar com o extraordinário, que as vezes vê em tudo e outras vezes em nada, antes de se arrumar para o baile. O casal de mendigos, suas feições decompostas, mas com comedimento, era de uma beleza extraordinária para o Ariel. Pensou em guardar segredo mas uma das facetas do Ariel é a incapacidade de guardar segredos, que não a própria arte, numa gaveta com sachês, versou a namorada. Paradoxo. Alguém que por vezes se sente triste pelo mundo em que vive mas quando descobre Munch se admira com suas pinceladas violentas e atormentadas. E se inspira nos malditos quando escreve. Alguém que admira um velho all star cano médio rasgado nas laterais, que passou a ver belezas extraordinárias em coisas pequenininhas depois que viu Amélie Poulain e adora música. E se admira com a cabeça da formiga vermelha que desenhou. Um simples rabisco circular com caneta vermelha e ele ali parado vendo os fios se desenrolarem.
4 Comments:
"...Que passou a ver belezas extraordinárias em coisas pequenininhas depois que viu Amelie Poulaine e adora música."
dizem q a gnt acha bonito algo com q se identifica...
nesse caso, eh mesmo.
*;
o texto ai de cima é pra vc.
Amelie Poulain é frígida, meu bem.
gostei desse texto mas eu te biografaria diferente. eu sempre faço tudo diferente.
Resposta a menina que dança na merda:
Eu poderia me biografar de maneiras tantas quanto o número de minhas metamorfoses - que bem sabes, não são poucas! Mas fica aí a sujestão: escreva-me!
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