quinta-feira, março 06, 2008

Vadiagens


Aqui a percepção anda emparedada, a concepção boquiaberta abocanhando feixes de lágrimas. As amarras da confusão afrouxando a historia e o mito das palavras se soltando do tempo. As pontas dos dedos amargam vestindo as linhas.
Temos guias para as rotinas, ninguém se cansa de saber-se vivo. Há um prazer em pegar em cosias. Portanto, neste dia, espreguicei-me, por um segundo senti os ossos furarem as vestes; a pele definhando não é das mais confortáveis, subestimei minhas chagas, o corpo todo; estou em todo lugar aguardando festas que nunca acontecerão!
Espero poder praticar minhas idas e vindas sem ser açoitado pelo remorso, pois que, pátria já não tenho, nem me interessa os túmulos frios. Só há uma coisa sensata a fazer: banhar-me calmamente numa cachoeira caudalosa.

Pensava, horas antes, antes de tudo, antes mesmo de me estirar aqui, que poderia, facilmente, reconhecer a beleza, porém assustei-me tanto com minhas verdades que revirei os olhos e prostei-me ajoelhado rogando à terra. Estimular a alma não é fazer preces às escuras e sim comungar com seus próprios pés e comer o chão, emaranhando em raízes, fazendo-se rocha. A um só tempo fiz-me abrigo das correspondências sinuosas do tempo. Voltava à carne.

Empoado, empoeirado, e que as cinzas sejam o seu antro sagrado e que meu choro seja um balbuciar de criança cheia de abraços fraternos e se houve a sombra (raquítica) compensando um monstro, eu anuncio: que seja poesia tudo quanto meu arredio verbo se der, e sorte para o azar.