quarta-feira, julho 12, 2006

Eu sinto, por ela venta em meus cabelos. A poesia. Por ela eu sinto. Sento-me na grama para ouvir o fim da tarde. Ponto. Pouso. Precipito-me lentamente, desconhecido de mim, e deixo estar a bunda na grama sem importar-me com importunas dores ou sujeiras. Simplesmente pardo. Em nada atrapalho a cena, eu e ela, serenos.

A. Lacruz

1 Comments:

Blogger Ariel Lacruz said...

Breve léxico para maiores desentendimentos:

Precipitar: cair.
Desconhecido de mim: O que me torna EU é a diferença. Sou precisamente o inverso do que não sou. Porém, no poema, não nego o que me circunscreve. Pelo contrário. Minha identidade é diluída, sou a matéria orgânica que precipita, densa, saturada, porém ainda imersa, repousando no fundo do recipiente. Sinto combinar minhas moléculas, integrado de tal forma que a condição individual é relegada para um segundo plano, no momento do estupor que me causa a cena tão simples e cotidiana. Calmo com a natureza, sou a natureza tirânica, sem controle, sem pensamento, sem remorso, no infinito em que se perpetua esse breve instante. A poesia é Linda Supra-real e Delinquente.

5:04 PM  

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