quinta-feira, março 30, 2006

Le Tournesol de la fille

Naquele dia o mundo renasceu, distante da tristeza, o que outrora fora noite de lúgubre frieza, revelava-se imediatamente como um sorriso inesperado. Não sei por que ares de romantismo, minhas mãos, trêmulas, insistem em pedantismos fáceis, afetados. Aos olhos do amor tudo é tão simples como no final de um belo instante, quando não temos mais a eternidade. Mas esta é a moldura. Chá de morango com hortelã, na varanda, e lá fora só o cheiro agridoce e o barulhinho de pingos de chuva.

Apresento-me como interlocutor de uma geração perdida, mítica, onde as Fábulas do Nunca, inacreditavelmente são reais. Imaginem o caos: unidos na distância de um adeus ou de mais um beijo que ficou pra depois. Tantas vezes instável, alma sempre sedenta de mais um corpo, eu, doente, levantando-me com calafrios e suores noturnos; pranto incontido e a visão de uma menina vestida em girassol.

Bom, o sonho ainda não havia se apagado da in-memória cansada. Ela. Olhos grandes, amendoados e doces como os olhos de um filhote que se perdeu da mãe, andando sobre a verdade poética da timidez, pleno contraste confrontando os cabelos castanhos revoltos, desenhando o rosto grave com linhas suaves. Amparando o soberbo numa boca que seria o meu refúgio contra a dor. Eu. Um espantalho maquiavélico, maltrapilho sem vaidade ou brio, escondendo-me dos transeuntes como um Nosferatu, o vampiro dos velhos livros. E há quem diga que tudo não passou de um acidente profundamente azul, ou cor que seja, que represente calmaria, na confusão de outros dias e outras noites de aromas intensos. A espera chegava ao fim.

Poder cobrir-te com flores, menina; tentativa frágil de lhe emprestar algum amuleto para a proteção natural, comum a estes seres que movem o mundo simplesmente exalando ar. Sabemos todos, sim, estes são temas agastados, mas para um homem, que há tempos imemoriais não sabe o que é um dia de rosas, a bajulação expõe-se como um prato saboroso.

7 Comments:

Blogger Ariel Lacruz said...

Li, reli, e pretendo ler outras vezes... Gostei muito... A alma de Nosferato ainda acolhe o sonho, o profeta do caos ainda reconhece a poesia das cenas, nas cores, na chuva, nos aromas, e evidentemente nos tímidos. No texto leio o mundo por seus olhos delirantes e afáveis.
Nada é fatalista. A qualquer momento tudo pode ser revolucionado, ainda que por um segundo...

3:46 PM  
Anonymous Anônimo said...

meus bons e velhos poetas,já não me satisfazem,como as irresistiveis palavras do moço george,que a cada manhã,sinto falta,preocuro,leio; enfim,sinto prazer.

3:43 PM  
Anonymous Anônimo said...

(GARGALHADAS NAUSEABUNDAS!) Novo espetáculo no circo da infâmia!!!

4:33 PM  
Blogger George Saraiva said...

OLHA SÓ QUEM DEU O AR DA GRAÇA, O TAL ULISSES, O NARCISICO! BEM VINDO AO NOSSO HUMILDE LABORATÓRIO, TALVEZ QUEIRA NOS ACOMPANHAR EM BANQUETE DE MENTIRAS LITERÁRIAS! HAHAHA! MAS ENFIM O MEU RECADO É PARA O ARIEL, EU ESTOU ESCREVENO UMA ESPÉCIE DE ROTEIRO PARA UM CURTA (PRETENSÃO?!) BASEADO NESTE TEXTO; VAI SE CHAMAR OS HIPERBÓREOS, O QUE ACHA? PODERIA ME AJUDAR? ABRAÇO A TODOS QUE "LÊEM" O COVL... RS!!!

4:49 PM  
Anonymous Anônimo said...

Conheço esse texto...Quase decorei de tanto ler...
Obrigado por postá-lo
Saudades desses sentimentos...

3:08 PM  
Anonymous Anônimo said...

Bom, acho q não preciso tecer grandes comentarios não é? Já te disse.

11:40 AM  
Anonymous Anônimo said...

esse aí é um que vc me mandou a algum tempo não é? mais que me parece que ainda não estava pronto?

é simplimente indiscritível!!!
beijo menino

12:19 AM  

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