Capitulo III
Aboliram-se as correntes do nada para que o azul desse lugar a pancada
Deitei-me, escarnecendo do ranger que se extraía da areia, com meu corpo ainda tenro, o que era mesmo estúpido, então acendi um cigarro. Ainda reconhecia em mim o labor impotente do que chamava de destino, justo quando Sartre ainda me impregnava as ventas. Percorria lentamente meu próprio corpo. Buscava-se, então, algo novo para se ouvir naquele tempo, mas tudo havia sido dito de forma tão sensata que logo desistia nas primeiras tentativas. Queria descobrir, ouvir a musica do próprio corpo; alterar a consistência, mas só conseguia lembrar-me de Wagner, “Anel dos Nibelungos”, e isso me enchia de uma tristeza absoluta. Pedem-me com extraordinário furor a ilusão de um pouco de sol. Dou-lhe um tanto de atenção e isso basta. Procure banhar-se nas vagas, é um ótimo remédio, ainda melhor, pela madrugada, com o corpo inteiramente nu. Sim estou vivo! É um sussurro como outro qualquer, danem-se as virtudes. Peça um samba, um tanto encorpado e cadencioso, destes que rompem com a carne, ou que ao menos a deixe mole em pleno infortúnio. Abandonada, a carne, furtivamente ensimesmada pelo calor, espera-se que algum vento venha devassar-lhe o membro.
O dia permanece, a chuva deságua por entre as gretas, mas a caneta sequer se mostra trêmula diante o papel. Portanto, tudo ainda se desconhece e empresta ao dia qualidades de dureza. O corpo se vê deportado a outras tantas características de novidade que não se encerravam em nenhuma concepção jamais alcançada por boa vontade. Há eternamente o nada, e, isso caracteriza a fortíssima Pancada. Desconcertante como um felino a espreitar a caça. Estou surpreso diante do pacto que tenho suportado ingenuamente e ao qual me fizeram cumprir por meio de azuis pinceladas. É um dilema: deixem que pintem o teu pobre retrato e lhe retiramos as correntes, grande cretinice acreditar em amigos, linhas de afeto tão tênues e débeis quanto uma teia tecida por qualquer aranha. E a traição é a maior virtude de tais aranhas.
Hoje ao acordar, senti o estranho ressentimento que sentimos quando estamos em paz, não qualquer paz, mas desta que se sente após oblongo período de aflição. Busco novos horizontes com outros tantos floreios, diria um amigo, prostrado numa sacada imaginária, tendo o mundo como palco. Tanto me dá se meus leitores confundirem esta manifestação de minha “literatura de caixão” com algum diário perdido na história, ou com alguma infusão clássica de autor realista brincando com a vanguarda. O que importa é que considerem o que venho escrevendo como sendo o meu único e legítimo testamento, posto que ainda não estou morto fisicamente – e nem ao menos sei como vou fazê-lo, pois que considero o suicido romântico demais para minhas reais pretensões –, mas ambiciono que publiquem minhas in-memórias enquanto em algum lugar apodreço de tanto rir.
O dia permanece, a chuva deságua por entre as gretas, mas a caneta sequer se mostra trêmula diante o papel. Portanto, tudo ainda se desconhece e empresta ao dia qualidades de dureza. O corpo se vê deportado a outras tantas características de novidade que não se encerravam em nenhuma concepção jamais alcançada por boa vontade. Há eternamente o nada, e, isso caracteriza a fortíssima Pancada. Desconcertante como um felino a espreitar a caça. Estou surpreso diante do pacto que tenho suportado ingenuamente e ao qual me fizeram cumprir por meio de azuis pinceladas. É um dilema: deixem que pintem o teu pobre retrato e lhe retiramos as correntes, grande cretinice acreditar em amigos, linhas de afeto tão tênues e débeis quanto uma teia tecida por qualquer aranha. E a traição é a maior virtude de tais aranhas.
Hoje ao acordar, senti o estranho ressentimento que sentimos quando estamos em paz, não qualquer paz, mas desta que se sente após oblongo período de aflição. Busco novos horizontes com outros tantos floreios, diria um amigo, prostrado numa sacada imaginária, tendo o mundo como palco. Tanto me dá se meus leitores confundirem esta manifestação de minha “literatura de caixão” com algum diário perdido na história, ou com alguma infusão clássica de autor realista brincando com a vanguarda. O que importa é que considerem o que venho escrevendo como sendo o meu único e legítimo testamento, posto que ainda não estou morto fisicamente – e nem ao menos sei como vou fazê-lo, pois que considero o suicido romântico demais para minhas reais pretensões –, mas ambiciono que publiquem minhas in-memórias enquanto em algum lugar apodreço de tanto rir.